sexta-feira, março 27, 2009
A Beleza da Simetria
Keane
13/03/09
Citibank Hall, Rio de Janeiro
Em um palco tingido de cores primárias misturadas aos tons intensos dos holofotes, o Keane voltou ao Brasil com energia renovada. E com um show ainda mais empolgante e belo.
Na segunda vista ao Brasil, Tom Chaplin, Tim Rice-Oxley e Richard Hughes não queriam estar em outro lugar para fechar a turnê “Perfect Symmetry”, do terceiro disco homônimo da banda. E os fãs também não. Afinal, nenhum lugar do mundo parece ser melhor quando se está em um show do Keane.
Naquele momento, Tom fazia jus à sua exclamação “Cidade Maravilhosa!”.
Com o repertório mais abrangente, Tom era o protagonista de canções que emocionavam (“Somewhere Only We Know”, sempre) e surpreendiam (“Under Pressure”, do Queen em uma ótima versão). Ele estava em perfeita sintonia com a banda, que recebeu o músico Jesse Quinn para enriquecer ainda mais o som com baixo e guitarra.
Tom movia-se rapidamente no palco, especialmente em canções como “Crystal Ball” e a agitada “Spiralling”. Com as câmeras em punho, fãs tentavam acompanhar o vocalista. Porém, foi fácil aproximá-lo com o zoom nas músicas “Bedshaped” e “Frog Prince”, em uma versão acústica.
“Tudo bom com vocês?”. “Cantem conosco!”. Tom Chaplin ganhava ainda mais o público ao falar português, com vocabulário ampliado. Esbanjou simpatia e deixaria com inveja outros cantores que tentam a comunicação na língua local...
Visivelmente apaixonados pelo Brasil, o Keane deixou o país com ainda mais fãs contentes em ver uma banda que evolui musicalmente sem deixar de lado suas características primárias, tais como as cores que brilhavam no palco.
Set list:
Lovers Are Losing
Everybody´s Changing
Again & Again
Nothing In My Way
Better Than This
A Bad Dream
This Is the Last Time
Spiralling
The Frog Prince
Try Again
Early Winter
You Haven´t Told Me Anything
Leaving So Soon?
You Don´t See Me
Perfect Symmetry
Somewhere Only We Know
Crystall Ball
Under Pressure
Is It Any Wonder?
Bedshaped
Site Oficial
Imagem:Ana Elisa Mello
quinta-feira, janeiro 22, 2009
Aos olhos da inocência
O Menino do Pijama Listrado (The Boy in the Striped Pyjamas)
Livro de John Boyne (2006) e filme de Mark Herman (2008)
Através dos olhos azuis brilhantes, o menino Bruno transborda sua inocência e curiosidade. Como qualquer criança de 9 anos, ele está em busca de novidades, sentimentos diferentes e aventuras inesquecíveis. Em “O menino do pijama listrado”, tais experiências são abordadas de maneira cuidadosa e o escritor John Boyne, assim como o diretor Mark Herman, trazem à tona ricos valores de amizade e confiança, a partir do ponto de vista de Bruno, interpretado no filme pelo amável Asa Butterfield.
Explorador, fã de Júlio Verne e “Ilha do Tesouro” de Robert Louis Stevenson, Bruno vive na Alemanha nazista, semeada com ódio e tristeza trazida pelo Holocausto que ele desconhece. Sem que o menino queira, a 2º Guerra Mundial foge do plano de fundo e passa a influenciar a vida de sua família. Seu pai (David Thewlis, o Remus Lupin de “Harry Potter”), é convocado pelo próprio Führer (“Fúria” aos ouvidos de Bruno) e deve se mudar de Berlim para uma casa no interior do país, próxima ao campo de concentração que ele irá comandar. É da janela do quarto da nova casa que Bruno vê os judeus pela primeira vez e decide explorar para tentar fazer novos amigos. Ao se aproximar da cerca que isola o campo, Bruno vê Shmuel, um menino judeu polonês que veste pijamas listrados, assim como todos os outros judeus que vivem com ele. A cada cena ou capítulo, os meninos percebem que têm muito e comum e se aproximam cada vez mais, mesmo que a cerca os impeça de brincar juntos. Aos olhos de Bruno, as diferenças da guerra fazem o lugar parecer intrigante, e ele deseja ajudar Shmuel e também ser parte deste mundo tão distinto por trás do arame. Belo e comovente, o filme conta com uma trilha sonora primorosa assinada por James Horner. O maior trunfo do roteiro é valorizar resquícios de humildade e compaixão, sem deixar de lado as consequências crueis do desprezo e da ganância.