quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Nunca esqueça. Nunca perdoe.




Filme: Sweeney Tood: O barbeiro demoníaco da Rua Fleet

Na classificação da associação cinematográfica americana para "Sweeney Todd" lemos: "Rated R (Restricted) for graphic blood violence". E é isso aí. Mas muito mais. O sangue jorra. Nas roupas, nos olhos, na tela. O banho vermelho é misturado ao clima sombrio de Londres do século 18: cinzenta, imunda e fria, e acompanha magistralmente os acordes de Johnny Depp e Helena Bonham Carter, protagonistas do novo filme-musical do diretor e produtor Tim Burton.
Baseado no musical de Stephen Sondhein da Broadway (que por sua vez se inspirou na lenda macabra), "Sweeney Todd" é um filme com a cara de Tim Burton e de Johnny Depp. Os dois foram o sucesso garantido de cinco filmes: o fantástico "Edward Mãos de Tesoura", a obra-prima "Ed Wood" e o bizarro "A Lenda do Cavaleiro Sem-Cabeça", além dos dois relativamente mais recentes, "A Fantástica Fábrica de Chocolate" e "A Noiva Cadáver" de 2005.
Indicado a três Oscars - melhor ator, melhor direção de arte e melhor figurino-, "Sweeny" é uma prova de que musicais podem sim ser bons. Ou melhor, excelentes, se levar em conta a precisão de Burton para encantar um público louco para ver suas novas idéias. Tim Burton, dirigindo com a maestria de sempre, sente-se à vontade no roteiro de John Logan. As tomadas impressionam pela habilidade de se conseguir luminosidade na escuridão, um desafio assinado pelo diretor de fotografia Dariusz Wolski, o polonês que fotografou a trilogia de Piratas do Caribe. As músicas, todas de Sondhein e originais do espetáculo da Broadway arrepiam: são dignas de um musical ganhador de dois Tony´s, o prêmio máximo do teatro americano. "Johanna" e "Pretty Women" são as que mais se misturam com a atmosfera de "Sweeney". E Depp as interpreta como se tivesse o personagem nos próprios olhos. Sua concentração é uma mistura de ódio, raiva, indiferença e frustração, um papel perfeito para um ator como Johnny. E como se não bastasse, "Sweeney" ainda conta com a participação do hilário e sempre original Sacha Baron Cohen, o "Borat". Para fazer um personagem legítimo, Sacha aprendeu em 16 horas técnicas de barbear com seu próprio barbeiro.
No filme, Depp dá vida ao lendário Benjamin Barker, um barbeiro que vivia feliz com sua esposa e filha em Londres, até ter sua vida literalmente roubada pelo invejoso juiz da cidade, Turpin, interpretado por Alan Rickman. Enganado pela justiça, Barker passa 15 anos em uma prisão na Austrália, mas volta para casa com o desejo único de vingança. Para isso, Benjamin se transforma em Sweeney Todd, o barbeiro demoníco da Rua Fleet, que passa a eliminar seus clientes com a navalha e é ajudado pela solitária viúva Sra. Lovett (Helena Bohan Carter - esposa de Tim Burton), dona de uma loja de tortas que não vê clientes há séculos. Bem apresentados em forma de canções, os personagens conquistam aos poucos, e no fim, acabam deixando curtos os 116 minunos de duração.

Site Oficial de Sweeney Todd: http://www.sweeneytoddmovie.com/

Site do Sweeney Todd da Broadway: www.sweeneytoddonbroadway.com

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

O melhor fotojornalismo do mundo




A World Press Photo é uma organização independente e sem fins lucrativos que promove todos os anos um dos maiores concursos do fotojornalismo mundial.
A cada ano, os vencedores participam da exposição, que roda o mundo em mais de 45 países.
Com sede em Amsterdã, a World Press Photo foi fundada em 1955 e conta ainda com projetos educacionais, eventos (como o Joop Swart Masterclass), seminários e workshops.

Ao todo são 9 categorias, mais o prêmio principal - a "World Press Photo do Ano".

Este ano, o ganhador foi o fotógrafo (e cineasta) da Vanity Fair Tim Hetherington.
Tim nasceu em Liverpool, e começou a carreira de fotógrafo depois de estudar no Instituto de Arte Contemporânea em Londres.
Seu último trabalho, vencedor da World Press Photo, foi sobre os americanos na guerra do Afeganistão.
Para o presidente do júri, a foto do soldado exausto não mostra somente um homem exausto, mas uma nação.
Todas as fotos ganhadoras serão publicadas em um livro, escrito em 6 idiomas diferentes. Pelo prêmio principal, Tim ganhará 10 mil euros.

Site do fotógrafo Tim Hetherington

Site da World Press Photo

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Olhe para os olhos, não para a barriga



Filme: Juno

Definitivamente, se apaixonar não é mais fácil do que ter um bebê. Enquanto muitas mulheres sonham com a maternidade, a vida de outras pode simplesmente se tornar um pesadelo diante da figura na tela de ultra-sonografia. Especialmente quando se tem 16 anos.
Bem, mas talvez não seja tão ruim assim, principalmente porque existem muitos casais dispostos a adotar bebês sadios, fofinhos e delicados - o que faz da vida uma coisa extremamente paradoxal.
Este paradoxo é registrado no roteiro primoroso de Diablo Cody, que dirigido por Jason Reitman (de Obrigado por Fumar), faz de Juno um dos filmes mais simples -e ao mesmo tempo complexos- da temporada. E, como não poderia ser diferente, dentro deste paradoxo está Juno MacGuff, uma adolescente de 16 anos interpretada pela atriz Ellen Page.
Comparado com o sucesso Pequena Miss Sunshine, Juno já coleciona prêmios e indicações. Para o Oscar foram 4: Melhor Filme e Roteiro Original; Melhor Atriz, para Ellen Page (com uma atuação original e natural) e Melhor Diretor (Jason Reitman). Como Pequena Miss Sunshine, Juno é uma produção de singelos US$7,5 milhões, mas a bilheteria já ultrapassou a marca de US$100 milhões. Ganhar um Oscar nem será uma surpresa, principalmente depois dos prêmios do Festival de Roma e do Critic´s Choice Award.

Juno MacGuff é uma garota canadense que tem um telefone de hambúrguer, uma banda de rock e um gosto secreto por hálito de tic-tac de laranja. Sua vida é comum até ela ficar grávida de seu amigo Paulie Bleeker (interpretado pelo meigo Michael Cera), um menino corredor de pernas longuíssimas, com uma cama em forma de carro e um vício incontrolável por tic-tac de laranja.
Inquieta e diferente, Juno decide enfrentar a gravidez precoce dando o bebê para um casal dos anúncios de classificados de adoção. Vanessa (Jennifer Garner) e Mark (Jason Bateman) representam o casal perfeito e feliz para adotar o bebê de Juno, que sofre na escola com sua "aparência convexa", como definiu sua amiga.
São poucos os que olham para Juno sem ver a barriga cobrindo o corpo magrinho...O que ela mais quer é voltar a ser vista pelos olhos. Quando falta pouco para o nascimento, Juno descobre que não é só ela que ainda não está preparada para ter um filho.

Com roteiro e atuações excelentes, aplaude-se também a posição do pai de Juno, Mac MacGuff (o sempre ótimo JK Simmons) e sua madrasta Bren (Allison Janney). A gravidez não é uma vergonha ou pecado, mas uma porta para discussão de valores.

Juno encanta ainda pela trilha sonora viciante. Foi a própria Ellen Page que selecionou as bandas favoritas da personagem e colocou Moldy Peaches e Kimya Dawson nas telas. O filme ainda conta com músicas de Belle & Sebastian e Cat Power.

Clique para ver a lista completa das músicas no site da Amazon

Site oficial de Juno