terça-feira, outubro 14, 2008

Guerra e compaixão


Filme:
Welcome to Sarajevo (Inglaterra, 1997)

Arriscar a vida ao se lançar em meio ao fogo cruzado de uma guerra pode ser para muitos, suicídio. Reportar bombardeios e genocídios ou fotografar cadáveres e milhares de feridos, repugnante. No entanto, correspondentes de guerra são movidos como imãs para regiões de conflitos, onde a linha tênue entre fonte e profissional se torna ainda mais estreita. Em meio à guerra, muitos jornalistas sentem uma explosão de sentimentos, diferente daqueles ocorrentes nas coberturas tradicionais. Se já é um desafio fazer uma reportagem neutra e imparcial, nas guerras este desafio se expande ao nível da utopia. Esta é a mensagem de Welcome to Sarajevo, o primeiro filme sobre a guerra da Bósnia que conta a história real do jornalista inglês Michael Nicholson (Michael Henderson, no filme interpretado por Stephen Dillane)

Em Sarajevo para cobrir a guerra da Bósnia em 1992, o jornalista inglês de uma rede independente de televisão está em busca de uma pauta que vai além do sangue e da violência. Assim, Henderson e sua equipe visitam um orfanato, e não só se sensibilizam com as condições das crianças como também se dispõem em ajudá-las a fugir da guerra. Sem querer, Henderson desperta o afeto da menina Emira (Emira Nušević), e decide levá-la com ele na volta para a Inglaterra.

O filme, dirigido por Michael Winterbottom, vai além dos bombardeios e descreve com realidade as relações humanas costuradas durante a guerra. No roteiro de Frank Cottrell Boyce, é transparente e impetuosa a capacidade humana de compaixão ao próximo. Para as crianças, os jornalistas são a única esperança - um porto-seguro que as guiará para longe do conflito e da morte-. Welcome to Sarajevo também explora a relação entre jornalista e tradutor, e revela uma relação de confiança poucas vezes considerada por outros filmes semelhantes.

Entrevista com o ator Goran Visnjic