terça-feira, outubro 14, 2008

Guerra e compaixão


Filme:
Welcome to Sarajevo (Inglaterra, 1997)

Arriscar a vida ao se lançar em meio ao fogo cruzado de uma guerra pode ser para muitos, suicídio. Reportar bombardeios e genocídios ou fotografar cadáveres e milhares de feridos, repugnante. No entanto, correspondentes de guerra são movidos como imãs para regiões de conflitos, onde a linha tênue entre fonte e profissional se torna ainda mais estreita. Em meio à guerra, muitos jornalistas sentem uma explosão de sentimentos, diferente daqueles ocorrentes nas coberturas tradicionais. Se já é um desafio fazer uma reportagem neutra e imparcial, nas guerras este desafio se expande ao nível da utopia. Esta é a mensagem de Welcome to Sarajevo, o primeiro filme sobre a guerra da Bósnia que conta a história real do jornalista inglês Michael Nicholson (Michael Henderson, no filme interpretado por Stephen Dillane)

Em Sarajevo para cobrir a guerra da Bósnia em 1992, o jornalista inglês de uma rede independente de televisão está em busca de uma pauta que vai além do sangue e da violência. Assim, Henderson e sua equipe visitam um orfanato, e não só se sensibilizam com as condições das crianças como também se dispõem em ajudá-las a fugir da guerra. Sem querer, Henderson desperta o afeto da menina Emira (Emira Nušević), e decide levá-la com ele na volta para a Inglaterra.

O filme, dirigido por Michael Winterbottom, vai além dos bombardeios e descreve com realidade as relações humanas costuradas durante a guerra. No roteiro de Frank Cottrell Boyce, é transparente e impetuosa a capacidade humana de compaixão ao próximo. Para as crianças, os jornalistas são a única esperança - um porto-seguro que as guiará para longe do conflito e da morte-. Welcome to Sarajevo também explora a relação entre jornalista e tradutor, e revela uma relação de confiança poucas vezes considerada por outros filmes semelhantes.

Entrevista com o ator Goran Visnjic

segunda-feira, setembro 29, 2008

Como Hollywood quer


"Meu nome é Peter Iliff, e eu sou um roteirista de Hollywood!! Legal, não?"

Simpático e descontraído, Peter Iliff deu início às palestras com roteiristas, diretores e produtores providas pelo RioMarket, o evento de negócios do festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro.
Peter chegou ao debate com um sorriso de orelha a orelha: "Eu estou adorando isso aqui. O Rio é maravilhoso!", exclamou o roteirista americano, que por baixo da blusa social vestia uma camiseta de Barack Obama assinada pelo artista Shepard Fairey.
Com 22 anos de carreira, Peter assinou filmes como
Caçadores de Emoção (Point Brak, EUA, 1991) e Jogos Patrióticos (Patriotic Games, EUA, 1992). Ano que vem, ele já planeja escrever e dirigir seu próximo filme.
Expert em ação, Peter acha estranho quando um roteirista muda de gênero. "Isso é possível, mas cada um acaba encontrando o melhor estilo", disse.

Como muitos roteiristas
hollywoodianos, Peter sempre gostou muito de escrever histórias e poesias, além de ser fã de James Bond. "Acho que isso já explica muita coisa." No começo, ele conta que foi difícil conseguir um agente, e demorou até seu primeiro roteiro ser aprovado por um grande estúdio. "Minha primeira agente se chamava Vida. Ela era uma senhorinha com mais de 80 anos e com cabelos que chegavam no joelho. Uma vez fomos juntos à Warner e ela não parava de tirar livros do lugar em busca de uma garrafa de wisky. Acho que a produtora ficou com pena de mim e depois pediu para eu voltar outro dia, sozinho", contou Peter.

Até
Caçadores de Emoção fazer sucesso com Keanu Reeves e o "ghost" Patrick Swayze, Iliff teve muitos roteiros recusados, e muitos rascunhos jogados fora. No entanto, ele contou que planejava tudo do modo mais positivo, sempre escrevendo da maneira como ele queria, mas com os "toques mágicos" de Hollywood. Além de conhecer o direitor é o produtor, Peter destacou a importância de se ter uma boa relação com eles, além é claro, de escolher os atores certos para os personagens.
Segundo Peter, cada detalhe é importante em um roteiro. "A preparação é o mais importante. Você precisa ter certeza de que sua idéia é boa e que vale a pena ela ser um filme. Depois, é só escrever todas as cenas examente como você quer".

Como se estivesse na pele de um jornalista, Iliff contou como é essencial conhecer coisas diferentes o tempo todo, e o mais importante, conhecê-las bem: "Para muitos dos filmes tive que aprender sobre os policiais da Califórnia e tive longas conversas com bombeiros, por exemplo. Tudo isso para deixar o mais verossímil possível".

Na palestra, Peter contou que já está trabalhando na pré-produção do filme Fast Flash to Bang Time, uma continuação de Point Break.


Que venham mais bons roteiros e filmes de Hollywood!

Filmes de Iliff:



Sob Suspeita (Under Suspicion, EUA e França, 2000)

sexta-feira, agosto 29, 2008

A Arte das Revistas




Entre as dezenas de publicações semanais ou mensais de revistas brasileiras, são poucas as que se destacam não somente pelas boas reportagens, mas também pelas incríveis ilustrações e supreendentes infográficos. Aliás, folheando revistas como Superinteressante ou Mundo Estranho, sempre ficava me perguntando: "Que desenho legal! Como eles fizeram isso?" Com muito trabalho e criatividade, sem dúvida. Entre ilustrações digitais, feitas em programas como Photoshop ou Corel Draw, impressionam as que são feitas como nos velhos tempos, com lápis de cor, tinta guache, aerógrafo, nanquim, e até mesmo Lego ou massa de modelar! Eis, então, a exposição Ilustrando em Revista, que acompanha a trajetória histórica da arte que é publicada nas revistas da editora Abril, e exibe no Centro Cultural da Justiça Federal no Rio de Janeiro, as obras originais que foram para as páginas das revistas. A mostra registra o traço de ilustradores famosos como Ziraldo, Rogério Nunes e Negreiros, além do detalhismo de Patrícia Lima e Benicio, por exemplo. Entre escolha de técnica e idéia, os ilustradores também devem pensar na matéria, e idealizar o desenho na página, pensando no tamanho do texto, na posição, e é claro, na dobra da revista.
Nas histórias em quadrinhos, por exemplo, o espaço é ainda mais importante, já que ele define o tamanho da história. No workshop dos irmãos quadrinistas
Fábio Moon e Gabriel Bá, o recado foi bem claro: "Nosso trabalho é 90% de pensamento, e 10% de desenho. Não é preciso ser um gênio em desenho para fazer história em quadrinhos. O mais importante é pensar a história no papel e nos quadros, seja para um HQ de 40 páginas, ou para uma simples tirinha".

Ilustração: Ricardo Cunha Lima - professor de Jornalismo Gráfico da Escola de Comunicação da UFRJ. Revista Mundo Estranho.

sexta-feira, agosto 15, 2008

The Last Shadow Puppets


Alex Turner não pode, mas de maneira nenhuma, ficar de fora deste blog! Em novembro, o Arctic Monkeys lança seu primeiro DVD, o Arctic Monkeys at the Appolo, gravado ano passado no Manchester Apollo, na Inglaterra. Mas hoje o Alex vai aparecer por aqui com Miles Kane (da banda francesa The Rascals) na banda The Last Shadow Puppets.

Ok, talvez você já tenha ouvido falar, já tenha baixado o álbum e já tenha ouvido as músicas em repeat, sem conseguir tirar os fones de ouvido em todas as faixas de "The Age of the Understatement", lançado em abril deste ano e já à venda nas lojas.

Pois então, tire os fones de ouvido. Jogue as músicas em uma boa caixa de som e veja que esta é uma nova banda que não busca somente a sensação de ser um hit momentâneo, com melodias simples e letras pobres. Last Shadow Puppets é imponente, tanto pelo som quanto pela postura. É incrível o que você sente ao ouvir My Mistakes were made for you. E é inevitálvel lembrar de Knights of Cydonia, do Muse quando se ouve a faixa de abertura que dá nome ao disco.
Na nova banda, Alex divide os vocais e as guitarras com o Miles Kane, que inclusive tocou em algumas faixas do último álbum dos Monkeys, "Favourite Worst Nightmare".
Em "Age of the Understatemente" eles são acompanhados por uma orquestra que deixa as melodias ainda mais belas e impactantes, ora delicadas - como em The Meeting Place e Time Has Come Again - e ora intensa - em Stading Next To Me, por exemplo.
Por enquanto, a turnê do novo disco está passando pela Europa e pelos Estados Unidos, mas bem que todos os fãs, tanto deles quanto de Arctic Monkeys, deveriam ter a chance de ouvir as músicas ao vivo. De preferência em alto em alto e bom som.

Site Oficial

MySpace

Vídeos Exclusivos

segunda-feira, abril 28, 2008

Coldplay em busca da Revolução


Seguindo as novas tendências midiáticas da música, o Coldplay decidiu acompanhar a onda do Radiohead, que ano passado despediu a gravadora para lançar In Rainbows via download.

Seu novo álbum - Viva La Vida or Death and All His Friends - só será lançado em junho, mas semana que vem, a banda vai disponibilizar de graça no site por uma semana o novo single Violet Hill.


Liberdade, igualdade e fraternidade? Talvez seja a inspiração na Revolução Francesa, mas além do free single, o Coldplay também fará shows de graça nos Estados Unidos e na Inglaterra, em Nova York e em Londres, respectivamente.

E os fãs britânicos ainda têm mais mordomia: quem comprar a próxima edição da NME ganha de brinde um vinil com duas novas músicas, a Violet Hill e A Spell a Rebel Yell.
De acordo com a newsletter divulgada pelo Coldplay, Viva La Vida será lançado dia 12 de junho na Inglaterra e quatro dias depois no Brasil. Quem sabe a Revolução também não chega por aqui?

sábado, abril 19, 2008

Liberdade e Solidão na Natureza


Filme: Na Natureza Selvagem, de Sean Penn. Com Emile Hirsch.


Quando você quer alguma coisa na vida, só precisa alcançá-la e agarrá-la.
When you want something in life, you just gotta reach out and grab it.

- Alexander Supertramp

Liberdade. Solidão. Felicidade. São estas as palavras que Christopher McCandless (Emile Hirsch) quer concretizar sobrevivendo em uma natureza inóspita, mas ao mesmo tempo fascinante. Recém-formado, Chris que quer fugir de tudo e de todos: dos olhares de seus pais obcecados, da sua monótona vida materialista e especialmente da sociedade. Ele quer um lugar único, insólito e selvagem onde ele não precise de dinheiro, carro, telefone, animal de estimação, família ou amor.

Essa paixão pelo infinito da natureza e pela liberdade individual levará seu espírito aventureiro em uma jornada pelos Estados Unidos e México, passando por lugares excepcionalmente fotografados por Eric Gautier (Diários de Motocicleta), como Colorado River e Fairbanks, no Alaska, onde ele finalmente sonha em chegar para viver.

Ao iniciar sua jornada, Chris é agora Alexander Supertramp. Ele é interpretado por Emile Hirsch, que mergulha tão profundamente no papel e atua de maneira tão natural que nos faz querer segui-lo pelas correntezas dos rio, nadar com as gaivotas e acompanhá-lo nas longas caminhadas. Em outras palavras, eles nos faz emergir de uma vida comum para uma outra, completamente sem limites. Por esse motivo, Alex é inteligente, estúpido, arrogante, corajoso, persistente e narcisista - dependendo do ponto de vista. Ao longo da viagem, cativa hippies e conhece pessoas tão solitárias quanto ele - mas que não necessariamente querem estar sozinhas - e que ensinam lições tão importantes quanto as de suas filosofias literárias favoritas.

Ao chegar no Alaska, Alex encontra ônibus mágico abandonado, e é lá que ele vive por 4 meses. Enrascadas ao longo do filme pela edição de Jay Cassidy (Uma Verdade Inconveniente), as cenas de Alex enfrentando os desafios no Alaska são intercaladas com as cenas da jornada, o que faz o filme evoluir junto com suas experiências na natureza selvagem. Ao mesmo tempo, as tomadas são acompanhadas pela narração da irmã de Alex e pela sensacional trilha sonora de Eddie Vedder, do Pearl Jam - ganhadora do Globo de Ouro deste ano -. Impossível haver uma escolha melhor. Canções como No celling, Society e Long Nights encaixam-se harmonicamente na jornada de Alex.

A harmonia também é o ponto forte de Sean Penn, diretor e roteirista do filme, que achou fascinante o livro do jornalista aventureiro Jon Krakauer. Jon conta a história real de Chris, que foi encontrado morto dentro do ônibus mágico, dois anos depois de deixar sua família na Virgínia. Depois de ler o livro ou ver o filme, podemos ter certeza que Alex encontrou sua liberdade, mas deixou que ela lhe armasse uma astuta armadilha.


Trailer de Na Natureza Selvagem

Site ofical: www.intothewild.com

domingo, março 30, 2008

Interpol inunda o Rio de Janeiro



Pouco tempo depois do lançamento do terceiro CD, Our Love To Admire, a newsletter oficial do Interpol anunciou: o Brasil, representado por Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, estava finalmente dentro da turnê que os fãs tanto esperavam.
No Rio de Janeiro, a banda nova-yorkina se apresentou no dia 13 de março, na sofrível Fundição Progresso. Lá dentro, o show começava com Pioneer to the Falls e a voz de Paul Banks abafava o temporal que caia na cidade. A chuva pingava no palco, e passava pelos holofotes dando um interessante efeito turvo que cobria a banda com cores enfumaçadas. Quando a segunda música, Obstacle 1, começou, Banks, Daniel Kessler (guitarra), Carlos D. (baixo) e Sam Fogarino (bateria) também já estavam envolvidos com a energia do público carioca. O suor se misturava com a água que pingava das goteiras da Fundição e os fãs cantaram em plenos pulmões sucessos como NARC e Slow Hands. O set-list, que misturou músicas dos três CDs, não deixou nenhuma música favorita de fora. Como quase ninguém esperava, canções como Leif Erickson, Stella was a driver and she was always down, e Peace is the Trick foram ainda mais arrepiantes ao vivo. E como nada é perfeito, o Interpol foi interrompido pela falha sonora da Fundição, quando tocava Not Even in Jail. Quinze minutos depois, a banda voltou com NYC e o público ajudou a reaquecer os instrumentos. E quando PDA parecia ter encerrado o show, eles voltaram para tocar Untitled, a primeira música do primeiro CD. Ao contrário do que foi insistentemente divulgado pela imprensa, Paul Banks é simpático e fala sim com o público. Diz “obrigado” e sorri.

O palco era iluminado com as luzes que se misturavam com as projeções nationalgeographicas em um telão ao fundo: inúmeras fotografias de animais, além da capa de Our Love to Admire, e feitas pelo fotógrafo Seth Smoot.
Mesmo com as falhas técnicas causadas pela terrível qualidade sonora da Fundição, a chuva e as goteiras, o Interpol arrasou e estampou sorrisos nos rostos de todos os fãs que esperaram anos para vê-los ao vivo. Merecemos vê-los outra vez, logo.
Quem foi para ver o Interpol ainda pôde assistir também Moptop (cujas influências são The Strokes, The Strokes e The Strokes), banda carioca sempre animada simpática e que abre cada vez melhor os shows.


Pioneer to the falls
Obstacle 1
C'mere
NARC
Pace is the trick
Say hello to the angels
Leif Erikson
Mammoth
No I in threesome
Slow hands
Rest my chemestry
The lighthouse
Evil
The Heinrich Maneuver
Not even jail
________________________

NYC
Stella was a driver and she was always down
PDA
________________________

Untitled





site oficial da banda: www.interpolnyc.com

terça-feira, março 11, 2008

Na arena com o mito




Bob Dylan deveria ser como sua turnê: nunca acabar. Sua voz, sua postura e presença são tão marcáveis que o público carioca ficou anestesiado depois de seu show sábado, dia 08/03 no RioArena. Os fãs (e também os nem tão fãs assim), pararam, olharam, admiraram, cantaram e vibraram desde o início com "Rainy Day Woman #12 & 35" até chegar ao fim, o ápice com os sucessos "Like a Rolling Stone" (lançada em 65) e "Blowin´in the Wind" (de dois anos anos antes, presente no álbum "The Freewheeling Bob Dylan"), passando pelas novas músicas lançadas no "Modern Times".
Com voz e melodias marcáveis, as canções de Bob são recohecidas facilmente. Em seu show, porém, as músicas tomam rumos melódicos diferentes, apesar de continuarem com a mesma essência e letra.
Aqui no Rio de Janeiro, o público viu Bob Dylan por quase 2 horas e presenciou um show com o som perfeito e uma simplecidade que caminha ao lado da perfeição. Talvez esta tenha sido a última oportunidade de vê-lo em solo carioca. Mas desejamos ouvir os acordes de sua guitarra, teclado e gaita por muito mais tempo. Talvez, quem sabe, a turnê nunca acabe. Do Rio, Bob seguiu para o Chile e continuará na América Latina fazendo shows na Argentina. Aqui, a "Never Ending Tour" segue nos cinemas, com o lançamento do filme "Não Estou Lá" (I´m Not There), que traz Christian Bale, Heath Ledger e Cate Blanchett (indicada ao Oscar este ano pelo papel), interpretando a lenda viva do verdadeiro rock´n´roll.

Site oficial de Robert Zimmerman : www.bobdylan.com

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Nunca esqueça. Nunca perdoe.




Filme: Sweeney Tood: O barbeiro demoníaco da Rua Fleet

Na classificação da associação cinematográfica americana para "Sweeney Todd" lemos: "Rated R (Restricted) for graphic blood violence". E é isso aí. Mas muito mais. O sangue jorra. Nas roupas, nos olhos, na tela. O banho vermelho é misturado ao clima sombrio de Londres do século 18: cinzenta, imunda e fria, e acompanha magistralmente os acordes de Johnny Depp e Helena Bonham Carter, protagonistas do novo filme-musical do diretor e produtor Tim Burton.
Baseado no musical de Stephen Sondhein da Broadway (que por sua vez se inspirou na lenda macabra), "Sweeney Todd" é um filme com a cara de Tim Burton e de Johnny Depp. Os dois foram o sucesso garantido de cinco filmes: o fantástico "Edward Mãos de Tesoura", a obra-prima "Ed Wood" e o bizarro "A Lenda do Cavaleiro Sem-Cabeça", além dos dois relativamente mais recentes, "A Fantástica Fábrica de Chocolate" e "A Noiva Cadáver" de 2005.
Indicado a três Oscars - melhor ator, melhor direção de arte e melhor figurino-, "Sweeny" é uma prova de que musicais podem sim ser bons. Ou melhor, excelentes, se levar em conta a precisão de Burton para encantar um público louco para ver suas novas idéias. Tim Burton, dirigindo com a maestria de sempre, sente-se à vontade no roteiro de John Logan. As tomadas impressionam pela habilidade de se conseguir luminosidade na escuridão, um desafio assinado pelo diretor de fotografia Dariusz Wolski, o polonês que fotografou a trilogia de Piratas do Caribe. As músicas, todas de Sondhein e originais do espetáculo da Broadway arrepiam: são dignas de um musical ganhador de dois Tony´s, o prêmio máximo do teatro americano. "Johanna" e "Pretty Women" são as que mais se misturam com a atmosfera de "Sweeney". E Depp as interpreta como se tivesse o personagem nos próprios olhos. Sua concentração é uma mistura de ódio, raiva, indiferença e frustração, um papel perfeito para um ator como Johnny. E como se não bastasse, "Sweeney" ainda conta com a participação do hilário e sempre original Sacha Baron Cohen, o "Borat". Para fazer um personagem legítimo, Sacha aprendeu em 16 horas técnicas de barbear com seu próprio barbeiro.
No filme, Depp dá vida ao lendário Benjamin Barker, um barbeiro que vivia feliz com sua esposa e filha em Londres, até ter sua vida literalmente roubada pelo invejoso juiz da cidade, Turpin, interpretado por Alan Rickman. Enganado pela justiça, Barker passa 15 anos em uma prisão na Austrália, mas volta para casa com o desejo único de vingança. Para isso, Benjamin se transforma em Sweeney Todd, o barbeiro demoníco da Rua Fleet, que passa a eliminar seus clientes com a navalha e é ajudado pela solitária viúva Sra. Lovett (Helena Bohan Carter - esposa de Tim Burton), dona de uma loja de tortas que não vê clientes há séculos. Bem apresentados em forma de canções, os personagens conquistam aos poucos, e no fim, acabam deixando curtos os 116 minunos de duração.

Site Oficial de Sweeney Todd: http://www.sweeneytoddmovie.com/

Site do Sweeney Todd da Broadway: www.sweeneytoddonbroadway.com

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

O melhor fotojornalismo do mundo




A World Press Photo é uma organização independente e sem fins lucrativos que promove todos os anos um dos maiores concursos do fotojornalismo mundial.
A cada ano, os vencedores participam da exposição, que roda o mundo em mais de 45 países.
Com sede em Amsterdã, a World Press Photo foi fundada em 1955 e conta ainda com projetos educacionais, eventos (como o Joop Swart Masterclass), seminários e workshops.

Ao todo são 9 categorias, mais o prêmio principal - a "World Press Photo do Ano".

Este ano, o ganhador foi o fotógrafo (e cineasta) da Vanity Fair Tim Hetherington.
Tim nasceu em Liverpool, e começou a carreira de fotógrafo depois de estudar no Instituto de Arte Contemporânea em Londres.
Seu último trabalho, vencedor da World Press Photo, foi sobre os americanos na guerra do Afeganistão.
Para o presidente do júri, a foto do soldado exausto não mostra somente um homem exausto, mas uma nação.
Todas as fotos ganhadoras serão publicadas em um livro, escrito em 6 idiomas diferentes. Pelo prêmio principal, Tim ganhará 10 mil euros.

Site do fotógrafo Tim Hetherington

Site da World Press Photo

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Olhe para os olhos, não para a barriga



Filme: Juno

Definitivamente, se apaixonar não é mais fácil do que ter um bebê. Enquanto muitas mulheres sonham com a maternidade, a vida de outras pode simplesmente se tornar um pesadelo diante da figura na tela de ultra-sonografia. Especialmente quando se tem 16 anos.
Bem, mas talvez não seja tão ruim assim, principalmente porque existem muitos casais dispostos a adotar bebês sadios, fofinhos e delicados - o que faz da vida uma coisa extremamente paradoxal.
Este paradoxo é registrado no roteiro primoroso de Diablo Cody, que dirigido por Jason Reitman (de Obrigado por Fumar), faz de Juno um dos filmes mais simples -e ao mesmo tempo complexos- da temporada. E, como não poderia ser diferente, dentro deste paradoxo está Juno MacGuff, uma adolescente de 16 anos interpretada pela atriz Ellen Page.
Comparado com o sucesso Pequena Miss Sunshine, Juno já coleciona prêmios e indicações. Para o Oscar foram 4: Melhor Filme e Roteiro Original; Melhor Atriz, para Ellen Page (com uma atuação original e natural) e Melhor Diretor (Jason Reitman). Como Pequena Miss Sunshine, Juno é uma produção de singelos US$7,5 milhões, mas a bilheteria já ultrapassou a marca de US$100 milhões. Ganhar um Oscar nem será uma surpresa, principalmente depois dos prêmios do Festival de Roma e do Critic´s Choice Award.

Juno MacGuff é uma garota canadense que tem um telefone de hambúrguer, uma banda de rock e um gosto secreto por hálito de tic-tac de laranja. Sua vida é comum até ela ficar grávida de seu amigo Paulie Bleeker (interpretado pelo meigo Michael Cera), um menino corredor de pernas longuíssimas, com uma cama em forma de carro e um vício incontrolável por tic-tac de laranja.
Inquieta e diferente, Juno decide enfrentar a gravidez precoce dando o bebê para um casal dos anúncios de classificados de adoção. Vanessa (Jennifer Garner) e Mark (Jason Bateman) representam o casal perfeito e feliz para adotar o bebê de Juno, que sofre na escola com sua "aparência convexa", como definiu sua amiga.
São poucos os que olham para Juno sem ver a barriga cobrindo o corpo magrinho...O que ela mais quer é voltar a ser vista pelos olhos. Quando falta pouco para o nascimento, Juno descobre que não é só ela que ainda não está preparada para ter um filho.

Com roteiro e atuações excelentes, aplaude-se também a posição do pai de Juno, Mac MacGuff (o sempre ótimo JK Simmons) e sua madrasta Bren (Allison Janney). A gravidez não é uma vergonha ou pecado, mas uma porta para discussão de valores.

Juno encanta ainda pela trilha sonora viciante. Foi a própria Ellen Page que selecionou as bandas favoritas da personagem e colocou Moldy Peaches e Kimya Dawson nas telas. O filme ainda conta com músicas de Belle & Sebastian e Cat Power.

Clique para ver a lista completa das músicas no site da Amazon

Site oficial de Juno

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Peter, Björn e John



(Banda da Semana)


Peter Morén, Björn Yttling e John Eriksson formaram a banda Peter, Björn e John em 1999. Nome sem criatividade? Não. Os caras da banda têm a certeza do óbvio. "Geralmente os nomes de bandas são ridículos... Por que não colocar os nossos nomes?" Os três nasceram no norte da Suécia: Peter em Dalarna, Björn em Västerbotten - mais ao norte - John em Norrbotten - ainda mais ao norte! - mas formaram a banda em Estolcomo.


O primeiros acordes e assobios da música "Young Folks" já declaram: sim, Peter, Björn e John é viciante. O vídeo de "Young Folks" ganhou o Grammi em 2007 (versão sueca do Grammy) e faz sucesso no You Tube. Em um ano - e até agora - já foram 5.590.901 vizualizações. A música é uma das que compõem o CD "Writer´s Block" lançado em 2006. Os três se revezam nos instrumentos e nos vocais.

Depois de muitos singles e EPs, eles lançaram em 2002 o primeiro álbum: Peter, Björn and John (criativo, não?). Três anos depois, mais um álbum: Falling Out.

Segundo o jornal Estado de São Paulo, os três estão cotados para se apresentarem no Brasil, mas ainda não sabem onde nem quando.




Site oficial:
www.peterbjornandjohn.com


Clique aqui para ver o perfil no MySpace


Clique aqui para ver o vídeo de "Young Folks"






terça-feira, janeiro 22, 2008

O Mundo de Darwin no Museu




“A mente é um caos de deleite” – Charles Darwin

Charles Robert Darwin ficou conhecido mundialmente depois de publicar seu famoso – polêmico, intrigante e revolucionário – “A Origem das Espécies” ( On the Origin of Species by means of natural selection, or the preservation of favoured races in the struggle for life) em 1859. No livro, Darwin explica sua fabulosa Teoria da Evolução – um marco na história da ciência e uma ousadia na época. Foi o resultado de um trabalho minucioso, registrado em mais de dois milhões de anotações em cartas e manuscritos, quando Darwin embarcou no navio Beagle e viu de perto a biodiversidade da natureza em ebulição nos ecossistemas da América Latina - incluindo Rio de Janeiro, Patagônia e é claro, as Ilhas de Gálapagos.

Darwin não só foi um grande cientista, mas também um grande homem com uma vida extraordinária. E a partir de amanhã (dia 23/01) até o dia 13/04, os cariocas poderão conhecer um pouco mais sobre um dos maiores pesquisadores científicos da Terra na exposição Darwin: Descubra o Homem e a Teoria Revolucionária que Mudou o Mundo, que acontece no Museu Histórico Nacional, no centro do Rio.

A mostra é uma parceria do Museu de História Natural de Nova York com o Instituto Sagari, voltado para a educação do ensino científico para crianças e jovens. Seu objetivo principal é aproximar visitantes e ciência, que interagem em diversas áreas do museu, tal como Darwin interagiu com o meio ambiente. Além de ver parte da natureza observada por Darwin, como orquídeas, animais vivos e fósseis, quem for ao museu conhecerá a vida do cientista - seus 10 filhos, seus hábitos - e até mesmo visitar a réplica de sua sala de estudos na Inglaterra. Para a zoóloga e curadora da exposição Maria Isabel, este é um ponto chave, porque ao observar a vida do cientista aproximamos a ciência ao nosso cotidiano, fazendo dela uma parte essencial da humanidade. Darwin era antes de cientista, um humano, curioso em busca de respostas. E foi observando e tocando a natureza que ele descobriu sua capacidade de conhecer a vida. Plantas, aves, mamíferos, peixes e insetos: todos pertenciam ao caos de deleite da mente de Charles Darwin.


Site da exposição: www.darwinbrasil.com.br
Site do Museu Histórico Nacional: www.museuhistoriconacional.com.br

sábado, janeiro 19, 2008

Sem floreios e rimas


“Desejo e Reparação” é um filme-poema. Emoldurado pela Segunda Guerra Mundial, o romance entre dois jovens ingleses Cecília (interpretada por Keira Knightely) e Robbie (James McAvoy, com uma atuação tão boa quanto em “O Último Rei da Escócia”) é feito de versos, rimas que se escondem e estrofes que fogem do clichê apresentado nas telas.

Joe Wright, que dirigiu o delicado livro “Orgulho e Preconceito” de Jane Austen, apresenta “Desejo e Reparação” como uma verdadeira obra-prima, tal como merece o livro “Atonement” (no original), do inglês Ian McEwan. O roteiro, de Christopher Hampton apresenta um olhar curioso: uma narrativa que nos mostra os pontos de vista diferentes dos três personagens principais - Briony Tallis (Saiorse Ronan), apaixonada pelas letras e sua irmã mais velha Cecília, apaixonada pelo filho da governanta, Robbie Turner.

Aos treze anos, após escrever sua primeira peça, Briony acusa Robbie de um crime que ele não cometeu, separando-o de sua irmã. O casal nunca mais a perdoa, mas não sabem que Briony será a única capaz de uni-los novamente.

Convocado para lutar pela Inglaterra na França, Robbie vai também para uma guerra íntima, rendendo ao filme a capacidade de retratar com primor a dor e o silêncio do campo de batalha. Sozinhas, Cecília e Briony tornam-se enfermeiras em Londres, e regida pelo som de sua máquina de escrever, Briony agora com 18 anos, decide unir o casal.

A ansiedade, a crueldade e os sonhos são magistralmente registrados pela fotografia de Seamus McGravey (de “As Horas” e “As Duas Torres”). “Desejo e Reparação” tem cenas tão bem fotografadas que fazem o espectador esquecer do roteiro, recortado e grampeado pelos personagens. Na verdade, é a fotografia e o diálogo que fazem o filme fascinante, e o que o torna mais interessante é visão intimista da história, bela e ao mesmo tempo real.

Já conquistou dois Globos de Ouro: o de melhor drama e o de melhor música. Está indicado ao Oscar de Melhor Filme, Melhor Atriz Coadjuvante (Saoirse Ronan), Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia, Melhor Trilha Sonora e Melhor Roteiro Adaptado; além de liderar a disputa do BAFTA, com 14 indicações.